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/lit/ - Literature

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>> No.21216088 [View]
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21216088

>>21216084 (previous was 5/?)
(2) Having received this spirit from the Greeks, the Romans defined it better, limiting it; to define, moreover, is to limit, and it is the same to define in the sense of circumventing. Greek rationalism was based on, or produced, an individualism that invaded the political moral sphere.
The greek, however much he loved his city, often did not hesitate to betray it, out of political passion, born of excessive individualism. Alcibiades, an Athenian of the Athenians, did not hesitate to indicate to the Lacedaemonians the best strategic way to invade the territory of Athens. Now it was this individualistic outpouring of rationalism that the highly political, and little more than highly political, spirit of the Romans used to tame and limit. Let us understand each other well: the Romans did not set themselves the destiny of limiting Greek individualism. Men are rarely, peoples never, so conscious of their historical role. Nor did Rome's role consist in properly limiting Greek individualism, reducing it to simple rationalism. This limitation was a consequence of Rome's historical role; Rome created a civilizational element from which this limitation was derived. This element is the concept of the State, as an element, not national, but civilizational. Rome created the concept of the State as a historical mission, distinct from the State as a simple empire, or simple nation. Once this concept was created, or even, in the process of being created, it is understood that civic and political life assumes an accentuated value, and the individual's duties towards the State are of remarkable importance. The typical Greek concept (except in the uncharacteristic case of barren Sparta) that society exists for the individual, other than this one for her, suffers a limitation. In Greece, and especially in Athens, there are sketches of the concept that would be historically Roman; but it is that in Greece, and above all in Athens, everything exists either clearly or in embryo, because Greece, mother of all civilization, brought everything in her fertile womb.

(6/?)

>> No.19078865 [View]
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19078865

Most writers are champions of glass lifting.

>> No.17202564 [View]
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17202564

>>17196284
Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie – nem sequer mental ou de sonho -, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida.

Como todos os grandes apaixonados, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança menina ao colo delas. São frases sem sentido, decorrendo mórbidas, numa fluidez de água sentida, esquecer-se de ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trémulas de expressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de ideia bruxuleia, malhado e confuso.

Não choro por nada que a vida traga ou leve. Há porém páginas de prosa que me têm feito chorar. Lembro-me, como do que estou vendo, da noite em que, ainda criança, li pela primeira vez numa selecta o passo célebre de Vieira sobre o rei Salomão. “Fabricou Salomão um palácio…” E fui lendo, até ao fim, trémulo, confuso: depois rompi em lágrimas, felizes, como nenhuma felicidade real me fará chorar, como nenhuma tristeza da vida me fará imitar. Aquele movimento hierático da nossa clara língua majestosa, aquele exprimir das ideias nas palavras inevitáveis, correr de água porque há declive, aquele assombro vocálico em que os sons são cores ideais – tudo isso me toldou de instinto como uma grande emoção política. E, disse, chorei: hoje, relembrando, ainda choro. Não é – não – a saudade da infância de que não tenho saudades: é a saudade da emoção daquele momento, a mágoa de não poder já ler pela primeira vez aquela grande certeza sinfónica.

Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.

>> No.14973223 [View]
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14973223

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